AFINAL, O QUE É ESSE TAL “BIOMA”?
Pois é, com a campanha da Fraternidade de 2017, precisamos aprender
um pouco de geografia para não ficar atrás das nossas crianças e jovens! Uma
palavra no tema da Campanha é “Bioma”, que precisa ser conhecido e discutido
com muita seriedade pois a sua exploração desordenada ameaça a
vida no planeta.
Vamos lá! Entendendo o que é BIOMA:
Bioma é uma unidade biológica ou espaço
geográfico caracterizado de acordo com o macroclima, a fitofisionomia (aspecto
da vegetação de um lugar), o solo e a altitude específicos. Alguns, também são
caracterizados de acordo com a presença ou não de fogo natural.
A palavra bioma (de bios =vida
e oma
= grupo ou massa) foi usada pela primeira vez com o significado acima por
Clements (ecologista norte-americano) em 1916. Segundo ele a definição para
bioma seria, “comunidade de plantas e
animais, geralmente de uma mesma formação, comunidade biótica”.
Não existe consenso sobre quantos biomas existem no mundo.
Isso porque a definição de bioma varia de autor para autor. Mas, em geral, são
citados 11 tipos de biomas diferentes que costumam variar de acordo com a faixa
climática. Por exemplo, o bioma de floresta tropical no Brasil é semelhante
a um bioma de floresta tropical na África devido a ambos os locais se situarem
na mesma faixa climática. Isso significa que as fitofisionomia, o clima, o solo
e a altitude dos dois locais é semelhante, muito embora possam existir espécies
em um local que não existem no outro.
Os biomas são: florestas
tropicais úmidas, tundras, desertos árticos, florestas pluviais, subtropicais
ou temperadas, bioma mediterrâneo, prados tropicais ou savanas, florestas
temperadas de coníferas, desertos quentes, prados temperados, florestas
tropicais secas e desertos frios. Existem ainda, os sistemas mistos que
combinam características de dois ou mais biomas.
Os biomas podem, ainda, ser divididos em biomas aquáticos do
qual fazem parte a plataforma continental, recifes de coral, zonas oceânicas,
praias e dunas; e biomas terrestres. Os biomas terrestres são constituídos por
basicamente três grupos de seres: os produtores (vegetais), os consumidores
(animais) e os decompositores (fundos, bactérias).
Os Biomas Brasileiros
Em resumo, um bioma é formado
por todos os seres vivos de uma determinada região, cuja vegetação tem bastante
similaridade e continuidade, com um clima mais ou menos uniforme, tendo uma
história comum em sua formação. Por isso tudo sua diversidade biológica também
é muito parecida.
O Brasil possui uma enorme
extensão territorial e apresenta climas e solos muito variados. Em função
dessas características, há uma evidente diversidade de biomas, definidos
sobretudo pelo tipo de cobertura vegetal.
Biomas Brasileiros e sua extensão territorial:
Biomas Continentais Brasileiros
|
Área Aproximada (km²)
|
Área / Total Brasil
|
Bioma AMAZÔNIA
|
4.196.943
|
49,29%
|
Bioma CERRADO
|
2.036.448
|
23,92%
|
Bioma MATA ATLÂNTICA
|
1.110.182
|
13,04%
|
Bioma CAATINGA
|
844.453
|
9,92%
|
Bioma PAMPA
|
176.496
|
2,07%
|
Bioma PANTANAL
|
150.355
|
1,76%
|
Área Total Brasil
|
8.514.877
|
100%
|
Há aproximadamente 260 milhões
de anos, toda região onde hoje está o semiárido foi fundo de mar, mas o bioma
caatinga é muito recente. Há apenas dez mil anos atrás era uma imensa floresta
tropical, como a Amazônia. Para conhecer bem esse bioma do semiárido
brasileiro, basta fazer uma visita ao Sítio Arqueológico da Serra da Capivara,
no sul do Piauí. Ali estão os painéis rupestres, com desenhos de preguiças
enormes, aves gigantescas, tigres-dente-de-sabre, cavalos selvagens e tantos
outros. No Museu do Homem Americano estão muitos de seus fósseis. Com o fim da
era glacial, há dez mil anos atrás, também acabou a floresta tropical. Ficou o
que é hoje a nossa Caatinga.
A Caatinga ocupa oficialmente
844.453 Km² do território brasileiro. Hoje fala-se em mais de um milhão de Km².
Estende-se pela totalidade do estado do Ceará (100%) e mais de metade da Bahia
(54%), da Paraíba (92%), de Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do
Norte (95%), quase metade de Alagoas (48%) e Sergipe (49%), além de pequenas
porções de Minas Gerais (2%) e do Maranhão (1%).
A Caatinga é muito rica em
biodiversidade, tanto vegetal quanto animal, sobretudo de insetos. É por isso
que o sul do Piauí, por exemplo, é muito favorável à criação de abelhas.
Nos períodos sem chuva, cerca
de 8 meses por ano, ela “adormece” e suas folhas caem. Depois, com a primeira
chuva, ela como que ressuscita. É a essa lógica que seus habitantes têm que se
adaptar. Portanto, aqueles que ainda acham essa região inviável, ou a têm como
um deserto, demonstram um profundo desconhecimento da realidade brasileira. Cerca
de 28 milhões de brasileiros habitam esse bioma, sendo que aproximadamente 38%
vivem no meio rural. Essa população tem um dos piores IDHs de todo o planeta.
* IDH: Índice de
desenvolvimento humano.
Amazônia
“Pulmão do Mundo”, “Planeta
Água”, “Inferno Verde”, são alguns dos chavões mundialmente conhecidos a
respeito da Amazônia. Está sempre em evidência em qualquer ponto da aldeia
globalizada.
Interessa a todos. Uma das
últimas regiões do planeta que ainda seduzem pela exuberância de uma natureza
primitiva, hoje absolutamente ameaçada por sua devastação.
A Amazônia guarda a maior diversidade
biológica do planeta e escoa 20% de toda água doce da face da Terra. Seu início
se deu há 12 milhões de anos atrás, quando os Andes se elevaram e fecharam a
saída das águas para o Pacífico. Formou-se um fantástico Pantanal, quase um mar
de água doce, coberto só por águas. Depois, com tantos sedimentos, a crosta
terrestre tornou a emergir e, aos poucos, formou-se o que é hoje a Amazônia.
A Amazônia ocupa 4.196.943
km², cerca de 49,29% do território brasileiro. Ocupa a totalidade de cinco
unidades da federação (Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima), grande parte de
Rondônia (98,8%), mais da metade de Mato Grosso (54%), além de parte de
Maranhão (34%) e Tocantins (9%). A área desmatada da Amazônia já atinge 16,3%
de sua totalidade.
Hoje cerca de 17 milhões de
brasileiros vivem no bioma Amazônia, sendo que cerca de 70% no meio urbano.
Mata Atlântica
Já foi a grande floresta
costeira brasileira. Ia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Em alguns
lugares adentrava o continente, como no Paraná, onde ocupava 98% do território
Paranaense.
Era também o mais rico bioma
brasileiro em biodiversidade. Ainda é em termos de Km². Hoje é o mais devastado
de nossos biomas. Restam aproximadamente 7% de sua cobertura vegetal. São
manchas isoladas, muitas vezes sem comunicação entre si. Há quem fale em apenas
5%.
A Mata Atlântica é o exemplo
mais contundente do modelo desenvolvimento predatório desse país. Foi ao longo
dele que se saqueou o pau Brasil e depois se instalaram os canaviais, tantas
outras monoculturas, além do complexo industrial. Quem vive onde já foi esse
bioma muitas vezes nem conhece seus vestígios, tamanha sua devastação.
O Bioma Mata Atlântica ocupa
1.110.182 km², ou seja, 13,04% do território nacional. Cobre inteiramente três
estados - Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina - e 98% do Paraná,
além de porções de outras 11 unidades da federação.
Aproximadamente 70% da
população brasileira vivem na área desse bioma, perto de 120 milhões de
pessoas. Por mais precarizado que esteja, é desse bioma que essa população
depende para beber água e ter um clima ainda ameno.
Cerrado
O Cerrado é o mais antigo
bioma brasileiro. Fala-se que sua idade é de aproximadamente 65 milhões de
anos. É tão velho que 70% de sua biomassa está dentro da terra. Por isso, se
diz que é uma “floresta de cabeça para baixo”. Por isso, para alguns
especialistas, o Cerrado não permite qualquer revitalização. Uma vez devastado,
devastado para sempre.
O Cerrado é ainda a grande
caixa d’água brasileira. É do Planalto Central que se alimentam bacias
hidrográficas que correm para o sul, para o norte, para o oeste e para o leste.
O Cerrado guarda ainda uma
fantástica biodiversidade, porém, 57% do Cerrado já foram totalmente devastados
e a metade do que resta já está muito danificada. Sua devastação é muito veloz,
chegando a três milhões de hectares por ano. Nesse ritmo, estima-se que em 30
anos já não existirá.
A partir da década de 70, sob
o embalo do regime militar, essa foi a grande fronteira agrícola para criação
de gado e depois para o plantio de soja. A devastação de sua cobertura vegetal
está comprometendo suas nascentes, rios e riachos. Ao se eliminar a vegetação,
também se está eliminando os mananciais. Um rio como o São Francisco tem 80% de
suas águas com origem no Cerrado. Hoje se fala que é necessária uma moratória
para se preservar o que resta do Cerrado.
O Bioma Cerrado ocupa
2.036.448 Km², ou seja, 23,92% do território brasileiro. Ocupa a totalidade do
Distrito Federal, mais da metade dos estados de Goiás (97%), Maranhão (65%),
Mato Grosso do Sul (61%), Minas Gerais (57%) e Tocantins (91%), além de porções
de outros seis estados.
Sua população em 1991 era
estimada em 12,1 milhão de habitantes.
Pantanal
O Pantanal sugere animais,
rios, peixes, matas e qualquer coisa ainda parecida com o Paraíso. É um bioma
geologicamente novo. O leito do rio Paraguai ainda está em formação. “O
Pantanal é a maior planície inundável do mundo e apresenta uma das maiores concentrações
de vida silvestre da Terra. Situado no coração da América do Sul, o Pantanal se
estende pelo Brasil, Bolívia e Paraguai com uma área total de 210,000 km2.
Aproximadamente 70% de sua extensão encontra-se em território brasileiro, nos
Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul”. (www.conservation.org.br/onde/pantanal/).
No Brasil o Pantanal ocupa
150.355 Km², ou seja, 1,76% do nosso território. Há opinião que 80% do Pantanal
encontra-se bem conservado. Entretanto, as queimadas, a derrubada das árvores, o
assoreamento dos rios ameaça sua existência. As últimas reportagens de TVs
falam da intensa evaporação de suas águas e o risco de tornar-se um deserto. O
que mais ameaça e agride esse bioma são as pastagens, queimadas e as entradas
do agronegócio. Foi para impedir projeto de cana no Pantanal que Anselmo deu
sua vida. A forma como a criação de gado teria se adaptado ao ambiente seria
uma das responsáveis. Entretanto, para outros, os problemas ambientais do
Pantanal passam também pela criação de gado.
O desafio é manter suas
características e também manter sua população em condições dignas de vida. O
caminho do turismo é uma possibilidade real e também um perigo. A pesca
esportiva predatória é um exemplo. “Pelo seu estado de conservação, sua
rica biodiversidade e as particularidades de seu ecossistema, o Pantanal é
considerado uma das 37 últimas Grandes Regiões Naturais da Terra”. (Idem).
O Baixo Pantanal tem uma
população de 130 mil pessoas.
Pampa
O Pampa gaúcho é bastante
diferente dos demais biomas brasileiros. Dominado por gramíneas, com poucas
árvores, sempre foi considerado mais apropriado para a criação do gado.
Entretanto, em 2004 foi reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente como um
bioma. Na verdade, sua biodiversidade havia sido ignorada por quase trezentos
anos. Foi a porta de entrada para o gado através da região sul. A outra
foi pelo vale do São Francisco, através dos currais de gado.
O único estado brasileiro com
esse bioma é o Rio Grande do Sul. Ocupa 63% do território do Rio Grande. Ele
também se estende pelo Uruguai e Argentina. Agora o Pampa sofre uma ameaça
muito mais grave: a introdução do monocultivo e Pinus e Eucaliptos. Mais uma
vez, portanto, se propõe um tipo de desenvolvimento econômico inadequado às
características de um bioma.
Então? Não é um tema pra lá de interessante para a catequese?
Vamos
incentivar nossos catequizandos a pesquisar o Bioma em que vivem e
quais tem sido os problemas que enfrentamos com relação à sua
preservação.
"Cultivar e guardar a criação" (Gn 2,15). Essa é a nossa missão!
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